Um dos principais expoentes da cultura de Nanuque e região, quiçá do Brasil, “Cumpade Tote”, se encantou na manhã dessa sexta-feira 22, deixando um imenso vazio no celeiro dos grandes declamadores de poesias e causos populares.
“Cumpade Tote”, nascido e batizado com o nome de Sóstenes Araújo Freire, em Palmeira dos Índios, Estado de Alagoas, há décadas adotou Nanuque como sua segunda terra natal, onde fez morada e constituiu família.
Respeitadíssimo na seara cultural, “Cumpade Tote” tinha uma gama incalculável de amizade entre artistas como Xangai, Elomar, Pereira da Viola, Bilora, Tau Brasil, Rolando Boldrim, Lima Duarte, Saulo Laranjeira, Paulinho Pedra Azul, Rubinho do Vale e Gonzaga Medeiros, dentre outros de igual quilate.
No final da década de 50 e início da década de 60, “Cumpade Tote” exerceu um mandato eletivo de vereador em Nanuque. Na política dizia ele, o voto de um doutor e o voto de um bêbado tem o mesmo peso, com uma diferença, o bêbado é confiável.
Segundo o próprio “Cumpade Tote”, ele foi eleito com votos de eleitores de todos os seguimentos da sociedade nanuquense desde o doutor do consultório à meretriz do bordel. Tote exerceu apenas um mandato de vereador e não quis mais disputar nenhum cargo eletivo.
A cultura brasileira, que ultimamente anda capenga e em frangalhos, num processo de decadência vertical, perde um grande ícone. “Cumpade Tote” deixará um legado imensurável. Quem teve o privilégio de conhecê-lo bebeu da sua sabedoria e se embebedou de conhecimento.